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O mês de março é particularmente tenso para mim, vive-se no limbo entre a normalidade e a lembrança e a dor. Há 20 anos que o mês de março mudou a minha vida, por isso ler Uma Nova Esperança de Colleen Hoover este mês em particular foi duplamente difícil. Senti o sofrimento e a narrativa de Holder como meus e chorei muito nas descrições de maior dor.
"(...) Acreditei então que a palavra devastado devia estar reservada às mães. Já não acredito. A palavra devastado devia estar reservada aos irmãos também. (...) Começo a chorar tanto que sem sequer consigo fazer um som. O peito doi-me e a garganta doi-me, mas o coração acabou de ser completamente destruido."
Apesar de conhecer toda esta história do ponto de vista de Sky, ter uma nova perspectiva do outro lado deixou-me completamente sem fôlego. A dor, a culpa, a angustia é tão grande que nos vai consumindo ao longo da narrativa. Holder não esqueceu o que aconteceu, tem marcado a ferros o rapto de Hope que o atormenta por anos, quando a irmã se suicida o comportamento fico um pouco mais instável. O facto de já sabermos o que acontece não tira em nada o prazer desta leitura, é uma nova descoberta, vamos relembrando, esperando por alguns acontecimentos que nos marcaram na leitura de Um Caso Perdido.
O personagens mais tolo é sem dúvida Daniel que se recusa a tratar as pessoas pelo nome inventando-lhes alcunhas idiotas o que de alguma forma confere alguma leveza em momentos de menor tensão.
Parte da narrativa é-nos dada em forma de diário que Holder vai escrevendo à irmã como forma de exorcizar a dor e a culpa, mas este diário trará um gosto amargo mais perto do fim.
"(...) Estou cansada e exausta e farta de viver uma vida que já não quero viver. Estou cansada de parecer ser feliz por ti, porque não sou feliz. Sempre que sorrio, sinto que te estou a mentir, mas não sei viver de outra maneira. (...) Perdi a capacidade de me importar, por isso, é dificil preocupar-me com o que tu vais pensar depois de eu ter partido. Não me lembro de como é gostar da vida o suficiente para que a ideia da morte me possa destruir. (...) Esta vida desiludiu vezes demais, e, francamente, estou farta de perder a esperança."
Poderoso, chocante, aterrador, desconcertante, maravilhoso, redentor! Colleen Hoover está no meu coração pelos temas que retrata nestes livros e que são tema de abertura de tantos telejornais, temas cujas números e estatísticas vemos todos os anos horrorizados com o mundo podre e doentio em que vivemos. Rapto, pedofilia, suicidio, vemos também paralelamente consequências directamente relacionadas, depressão, divórcio, revolta e a dor, tanta dor pelas recordações, pela perda, pela mentira.
Magistralmente escrito, a autora não se retraiu e foi ao fundo das questões trazendo-nos uma obra marcante, forte e que será sem dúvida relida. A acção não é só fluída, é veloz, sentimo-nos devoradores de páginas tal a rapidez da leitura, recebi este livro na sexta pela manhã, comecei a ler perto da hora de almoço e só o larguei quase à 1h da manhã quando o terminei.
"Para sentir saudades de alguém, tem de se ter tido o privilégio de ter essa pessoa na nossa vida, para começar"
Quero mais! Por favor Topseller tragam mais livros da autora para cá. E muito obrigada por me terem proporcionado uma leitura tão marcante.
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