Depois de ter lido o livro Percepção - uma estranha realidade, fiquei com algumas perguntas a pairar, daí decidi tirar as minhas dúvidas e entrevistar a sua autora Sara Farinha. Eis o que ela nos contou...
Pode-nos contar um
pouco mais sobre si.
Nascida e criada em Lisboa, adoro as artes como forma de
expressão pessoal, as viagens curtas ou longas, em distância e permanência, e o
convívio com aqueles que me acompanham nesta existência.
Sou alguém que acredita que quando há vontade encontra-se maneira;
que é sempre possível fazer melhor; que não desiste quando as dificuldades se
amontoam; que racionalidade e imaginação estão intimamente ligadas; que
acredita em valores orientadores; que reflecte exaustivamente sobre o que a
rodeia; e que é uma apaixonada pelos temas humanos.
Sou alguém que procura sempre fazer o melhor que pode com
aquilo que tem, mas que se esforça por ter mais para poder fazer sempre melhor.
Como uma jovem autora
portuguesa qual foi a aceitação que teve com o nosso público?
Temos, por esse mundo fora, um
público espantoso. Empreendedores, amantes dos livros, desejosos de contribuir,
conhecedores e preocupados com os temas que caracterizam este meio, todos eles
contribuem de forma inequívoca para a divulgação dos novos autores portugueses.
Quando encarei com seriedade a publicação
de ‘Percepção’, deparei-me com um universo formado por pessoas interessadas e
atentas, que vêem naquilo que consideram ser os seus hobbies uma forma de
ajudar e incentivar a leitura e os novos autores no nosso país. Fui recebida
com simpatia e espírito crítico, com um ‘bem-vinda’ e um ‘não desistas’, ainda
hoje me espanta aquilo que conseguimos fazer se estivermos realmente
empenhados.
Qual a sua maior
inspiração para esta obra?
O constante conflito humano entre
Ciência e Paranormal. A ideia original proveio de um texto esotérico que
descrevia a influência de algumas pessoas sobre outras, caracterizando-os como
predadores das emoções alheias. Esse texto e a minha educação, assente na
Ciência e no conhecimento científico, foram a centelha que gerou este livro. O
conflito entre Ciência e Paranormal proporcionou a mistura do Cepticismo com a
Crença e ‘Percepção’ foi o resultado dessa batalha.
Porquê percepção?
Acredita que haja quem tenha uma maior percepção das coisas?
A escolha de percepção deveu-se à minha vontade de misturar o real e o
imaginário, de criar uma história num universo temático capaz de cativar
qualquer pessoa que sinta algum fascínio pelo paranormal.
A definição de percepção passa pela forma como cada ser encara o que o
rodeia. Falar em maior ou menor percepção do mundo é algo estranho, pois seria
o mesmo que perguntar se há alguém que seja mais feliz do que os restantes. Ou
seja, tudo é relativo.
Acredito que a nossa personalidade, experiência e meio envolvente
determinam a informação sensorial que recebemos dos outros e que a adequação da
informação recebida é muito importante para as relações entre as pessoas. Noventa
e nove porcento das vezes não assimilamos aquilo que é dito mas interpretamos
essa informação baseada naquilo que conhecemos e respondemos de acordo com
isso. Percepcionamos o que se pretende e respondemos (ou tentamos) de acordo.
Identifica-se de
alguma maneira com a protagonista?
Sim. Usei nesta história algumas
coisas que me agradam particularmente, como o ambiente londrino, Camden Town e o
British Museum. Para além disto, a personagem principal é uma jovem mulher, com
uma paixão por poesia e museus, que enfrenta uma viagem de auto-conhecimento
profundo. Todos estes são elementos com os quais me relaciono.
O fim deixou muitas
coisas em aberto. Para quando a continuação?
A informação que tenho recebido
dos vários leitores demonstra que há interesse em ler a continuação desta
história. Apesar dos incentivos ainda não decidi quando voltarei ao universo de
‘Percepção’. Para já, pretendo acompanhar de perto os resultados deste primeiro
livro e esperar que ele atinja os objectivos fixados.
Não ponho de parte a ideia de
escrever um segundo volume, mas a sua publicação é um outro tema que deve ser
cuidadosamente ponderado.
Entretanto, usei este universo de
‘Percepção’ num dos Contos que escrevi no âmbito do desafio literário ’12
Meses/12 Contos’, a decorrer no meu blogue.
Agradeço imenso à Sara Farinha e à sua editora Alfarroba Edições pela disponibilidade e simpatia.
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