Quando leio thrillers eu vou sempre com duas coisas em mente. Adoro criar as minhas teorias e faço sempre de uma amiga cobaia delas, assim mais tarde se se confirmar, tenho "provas" que tenho excelentes poderes de dedução (lol). Ou então sou completamente apanhada desprevenida e nunca esperaria aquele final, esses geralmente são os meus preferidos porque adoro correr atrás de culpados e atirar completamente ao lado. O primeiro livro de Clare Mackintosh deixou os leitores portugueses em alvoroço, um livro que parecia morno tem a meio uma reviravolta completamente explosiva. Toda a gente falava do livro e foi adorado pela maioria dos leitores. O segundo livro apesar de ter sido bom, não estava para mim ao nível do primeiro. Ao ver que este livro iria ser publicado fiquei logo alerta, será que iria ser um estrondo como o primeiro ou mais fraco como o segundo?
O início da narrativa parece um pouco "chorosa", temos Anna a protagonista cujos pais se suicidaram com 7 meses de diferença, estando agora a ultrapassar o primeiro ano da morte da mãe, os seus capítulos são devidamente identificados. Em paralelo vamos tendo capítulos cujo narrador é-nos desconhecido mas que depressa temos um palpite. Existe ainda um terceiro ponto de vista, mas na terceira pessoa, Murray o polícia reformado, agora um civil que ajuda as forças policiais.
Vamos ao longo do livro ter estes três lados de uma mesma história e facilmente fazemos deduções e praticamente adivinhamos o rumo da história. Estava a ficar um bocadinho desapontada por estar tudo tão óbvio. A meio do livro temos um plot twist que não sendo nada de fenomenal consegue agitar mais um pouco a narrativa. Apontamos o dedo a culpados com grande facilidade e já visualizamos o final. É porém introduzido o que julgamos ser um novo narrador desconhecido que vai trazendo mais detalhes a uma história que se avizinha bastante previsível.
Claro que ao longo das páginas vamos ver imenso sobre a Anna, as suas dificuldades em ultrapassar a morte dos pais que tanto amava, a adaptação à vida a dois e a uma maternidade inesperada. Vemos a sua relação com o marido, com a afilhada da mãe e com o tio paterno.
Murray é um homem extremamente interessante, um polícia diligente que quando passou à reforma ficou a trabalhar na mesma esquadra como civil fazendo um excelente trabalho junto da comunidade. Quando Anna mostra o postal que recebeu, Murray sabe que não tem dados suficientes para se abrir uma investigação formal e acaba por fazer fazer uma pequena investigação por conta própria. Vai contando para isso com a ajuda da mente perspicaz da sua esposa, internada numa clínica mental.
Quando começamos a chegar perto do final, a nossa mente quase que explode pelo gigantesco plot twist, é provavelmente a maior reviravolta que li num livro este ano. Completamente estupidificante. Tenho suspeitas que o meu cérebro parou por uns segundos. Não imaginaria aquele final, que eu tinha estado errada durante todo o livro, que todas as suspeitas e todos os palpites foram ao lado. Que tudo foi o oposto do que imaginava.
Este livro é prova que Clare Mackintosh sabe claramente como mexer com a nossa mente, aguçar os nossos sentidos e arrebatar-nos com reviravoltas absolutamente inacreditáveis. E é tão bom, chegar ao final e sermos completamente apanhados desprevenidos, sem saber nem o que pensar. Quando o acabei era 1h da manhã e mal queria acreditar que tivesse estado tantas horas a ler sem me ter dado conta.
Adorei que a autora tivesse pegado em toda a previsibilidade do livro e atirado tudo ao ar. E sabem que mais? Conseguiu fazer tudo de forma a não deixar pontas soltas ou dúvidas. A sua escrita é viciante e espero que mais livros cheguem a Portugal.
2 comentários
Adorei a crítica. Estou à espera que o meu chegue para começar a ler 👍
ResponderEliminarGostei mesmo muito!
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