Opinião | A Rapariga sem Pele de Mads Peder Nordbo | Literatura

By Vera Carregueira - 09:08

SINOPSE

Um policial intenso e perturbador na fascinante Gronelândia. Neve, gelo e neblina revelam terríveis segredos mortais escondidos há muito tempo. Quando um cadáver viquingue mumificado é descoberto numa fenda no gelo, o jornalista Matthew Cave é destacado para cobrir a história.

No dia seguinte, a múmia desapareceu. o corpo do polícia que a guardava jaz no gelo, nu e esfolado, tal como as vítimas de uma horrível série de assassínios que aterrorizaram a remota Nuuk na década de 1970.

CRÍTICAS DE IMPRENSA

«A Rapariga Sem Pele tem todos os ingredientes necessários para um verdadeiro romance policial. Assassínio, estranheza, calafrios, superstição, segredos terríveis mas ao mesmo tempo o leitor pode sentir a afeição do autor pela Gronelândia.» 
Krimifan

«A Rapariga Sem Pele tem, na sua essência, um crime clássico combinado com a intensidade de um thriller - mas também se foca na crítica social.»
VG Norway


OPINIÃO


A Rapariga sem Pele de Mads Peder Nordbo foi uma fabulosa descoberta, publicado pela Planeta no mês de Maio, não podia deixar de o ler de imediato e adorei. O autor dinamarquês que viveu vários anos em Nuuk transporta os seus conhecimentos da região para a narrativa tornando-a viciante.

Este livro encheu-me as medidas, agarrou-me nas primeiras páginas e não o conseguia largar. Inserido dentro do estilo Noir Nórdico somos levados por Nuuk na Gronelândia numa viagem intensa. Aquilo que aparenta ser a descoberta de uma múmia de viking vai mudar a vida aparentemente pacata da região.

“Se você respirar para o gelo, consegue sentir que ele respira de volta. (...) 

É o sopro da vida.”

Exemplar gentilmente cedido para opinião honesta
A narrativa começa por ser contada do ponto de vista do jornalista Matthew Cave e vamos acompanhando as suas investigações relacionadas com a suposta múmia, o assassinato de um polícia que estava a guardá-la e um jovem mulher recém saída da prisão por assassínio. A partir de certa altura começamos também a ter o ponto de vista de um agente da polícia, Jakob, porém esta parte da narrativa acontece em 1973, altura em que este desaparece sem deixar qualquer rasto, e ambas vão convergir no ponto mais importante da trama.

Com a acção repartida vamos lentamente construindo um puzzle que se vai revelar macabro e completamente doentio. Além de todas as mortes há outras informações que Matt acaba por descobrir e que o horrorizam.

Estamos perante um personagem completamente quebrado pela morte da esposa grávida de 6 meses, um homem que se encontra no limbo e que tenta se manter à tona apesar de se sentir a afogar.
Temos em Tupaarnaq uma figura feminina extremamente forte mas solitária, depois de acusada da morte dos pais é ostracizada por todos acabando por ela própria se isolar dos demais.

“Traz umas roupas velhas. Matar suja muito.”

Ao longo da narrativa vamos percebendo as dificuldades de comunicação com a comunidade inuit e como isso compromete as investigações que ocorreram na década de 70.

Um livro com um ritmo intenso e cuja acção nos impele à leitura, com personagens interessantes e uma trama aliciante A Rapariga Sem Pele deixa o leitor colado às páginas.

Vera Carregueira

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