Sinopse:
Voar deixou de ser um sonho impossível, mas apenas os ricos e poderosos podem pagar a cirurgia, medicamentos e manipulação genética para tal. Peri, uma jovem de classe baixa, está disposta a qualquer coisa para conseguir as suas asas e se juntar à elite, mas cedo descobre que o preço do seu sonho é mais elevado do que alguma vez imaginara. Será ela capaz de abdicar de tudo o que lhe é fundamental na vida? Um romance original sobre sacrifícios, traições e amor.
Opinião por Mafi:
~ spoilers~
Passado numa Austrália futurista, "O Império das asas" apresenta-nos um mundo dividido entre voadores e não voadores. O livro estrutura-se e prolonga o seu enredo como se de um voo se tratasse. Na descolagem, introduz-se os dois narradores principais - Peri, a jovem ama da família Chessyre e Zeke Fowler, o investigador contratado para procurar o desaparecimento de Hugo, filho do casal Chessyre e raptado por Peri. Alternando entre os dois pontos de vista, é nos contado logo ao início aquilo que se concluí logo à partida: Peri é uma voadora e Zeke um não voador. No voo, ou seja no desenvolvimento, vamos acompanhando a fuga de Peri e a investigação de Zeke enquanto a autora vai preenchendo o livro com descrições de como se processa o voo e das modificações genéticas que são feitas aqueles que querem voar. Por mim, a narrativa aterra numa conclusão que deixa algumas explicações por desenvolver.
Referente ao world-building em si, porque foi aquilo que mais apreciei, este encontra-se muito bem construído. Sendo um livro de ficção-científica e com base no meu desconhecimento dentro deste género, adorei o mundo criado pela autora. Aqui, voar é como ter dinheiro, é um sonho possível que nos traz prestígio e sucesso. Mesmo aqueles que não nasceram já adaptados para voar, os não voadores podem ganhar asas através de tratamentos que alteram toda a biologia física como também psicológica.
Não sendo bastante esta discrepância entre estes dois pólos, dentro do mundo dos voadores existe uma hierarquia que resulta deste uma elite até aos voadores mais selvagens e exilados.
Apesar de parecer um mundo complexo, devido às detalhadas informações dadas pela autora, foi bom ver que todo o mundo criado era compreensível, lógico e imaginário.
Quanto ao enredo em si, não é que não me tenha cativado a história principal, mas por vezes parecia que o livro tinha sido escrito por duas autoras diferentes. Ora apresentava-se absorvente, captando o meu total interesse, ora revelava-se carregado da chamada "palha" que aqui na minha opinião apresenta-se em algum excesso. Como por exemplo, são apresentadas personagens e enredos secundários que pouco ou nada contribuíram para o enredo principal, tornado o livro por vezes secante.
Quanto às personagens principais cada uma caracterizava-se segundo a sua posição na trama.
Peri é a rapariga corajosa que descobre que é uma voadora nata. Gostei do seu desejo de justiça para com os que lhe fizeram mal e da sua protecção para com Hugo mas por vezes achei-a um pouco ingénua.
Zeke é o tal herói que apresenta-se como um bom profissional mas coloca em dúvida o seu papel como pai.
Peter Chessyre é a típica personagem qualificada com tudo de bom, é bonito, rico e respeitado dentro da comunidade de voadores.
O que mais me surpreendeu nas personagens foi a dualidade entre Peri e Zeke, pelas razões que vão sendo apresentadas ao longo do livro, como pelo fim que a autora lhes deu.
Quanto às pontas soltas que falei no início da opinião, achei que no fim as consequências pós-climax foram levianas, como se o efeito das acções de Peri não tivesse causado grande impacto.
Não foi um livro que me deslumbrasse, tem o seus pontos positivos e negativos mas apresentando-se à partida como um livro avulso, é uma boa escolha para quem quer ler um história original e que nos questiona sobre as maravilhas genéticas que a medicina ainda poderá desenvolver. Quem sabe se realmente num futuro, voar deixará de ser um sonho impossível.
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