Sinopse:
Opinião por Sofia Mesquita:
Josie Moraine vive mais do que uma vida. Ela é filha de uma das
prostitutas de luxo mais cobiçadas de Nova Orleães, um estigma que a
arrasta para o submundo decadente da cidade. Vítima da negligência da
mãe, tem nos moradores do extravagante Bairro Francês os seus maiores
aliados. De Cokie, humilde e fiel; a Willie, a dona de um bordel cuja
frieza esconde um coração de ouro; e a Jesse, tímido, atraente e
eternamente apaixonado, todos a protegem e velam por ela. Mas Josie
sonha mais alto e move-se com igual à-vontade nos corredores da livraria
onde, graças à bondade de um desconhecido, trabalha e habita. Este é o
seu porto seguro. Aqui, entre as estantes repletas de livros, no pequeno
escritório que agora lhe serve de quarto, não tem de se defender da sua
própria mãe nem fingir ser a durona solitária que domina as ruas. Ao
anoitecer, quando a porta se fecha e as luzes se apagam, ela descobre
nas páginas que folheia a imensidão do mundo e anseia por uma vida
melhor. Uma vida como a de Charlotte, a filha de uma família da alta
sociedade, cuja amizade a inquieta a ponto de arriscar tudo, mesmo a
promessa de um amor verdadeiro. E quando os seus sonhos estão prestes a
realizar-se, um crime muda tudo... para sempre.
Opinião por Sofia Mesquita:
Quando vi este livro fiquei cativada, desde logo, pelo breve
resumo da história. Apesar de ainda não conhecer a Autora nem ter lido muito
sobre o livro em si, acabei por render-me e trazê-lo comigo para casa. Não
desiludiu, mas ficou, ainda assim, um nadinha aquém das expectativas.
Em
primeiro lugar, e ainda que possa parecer assim, esta não é uma história sobre
a pobre rapariga que nasceu no sítio errado à hora errada. Muito pelo
contrário: encontramos em Josie não só uma sobrevivente, mas também uma
determinação desmesurada, que, contra todas as probabilidades, a leva numa
caminhada que a afasta do futuro que lhe estava destinado.
Toda a
“trama” do livro é contada na primeira pessoa, sendo através dos olhos de Jo
que vamos acompanhando o desenrolar dos acontecimentos e o evoluir das
personagens. Do extenso leque de fantásticas personalidades que conhecemos em
“Sonhos de Papel”, aquela que mais me cativou foi Willie, a extravagante dona
do bordel. É uma personagem algo rude e obstinada, mas que no final nos
demonstra qualidades que julgávamos impossíveis. A verdade é que, por detrás de
uma faceta de matriarca durona, Willie é uma mulher que olha pelos seus e que,
mesmo depois de muitos altos e baixos, procura garantir que todos recebem o
conforto que merecem.
No pólo
inverso temos Louise. É impossível não guardar ressentimentos contra esta
figura, desde logo pela relação que mantém com Jo, ou melhor, a falta dela.
Louise é uma personagem movida exclusivamente pelo dinheiro e pela ambição,
para quem nada na vida importa além de viver bem e a filha nada mais é que um
empecilho, um que convém “esconder” nos momentos de negócio e “descobrir”
quando as necessidades apertam. Começando pela história do nome de Josie até ao
duro golpe final que a deixa (ainda mais) desamparada, Louise é daquelas
personagens por quem não conseguimos sentir um mínimo de compaixão e que
gostaríamos de ver ter a paga que merece no final.
O enredo
criado por Ruta Sepetys deixa-nos transparecer algumas mensagens que, ainda que
algo corriqueiras, é sempre bom recordar. Por um lado, é uma história sobre
altruísmo, sobre a capacidade que o ser humano ainda vai tendo para ajudar o
próximo e se colocar em segundo plano numa determinada lista de prioridades.
Por outro lado, é um incentivo para que sejamos capazes de persistir e levar os
nossos sonhos e objectivos até onde não der mais. E por fim, é uma história de
amizade e amor, em que se mostra claramente que as nossas raízes nem sempre
definem aquilo que somos, as escolhas que fazemos e aquilo que ainda poderemos
vir a ser.
Mas é
também um enredo que deixa pouca margem para imprevisibilidade, acabando por
seguir um rumo que nos deixa antever a conclusão da narrativa. Ainda que com
alguma dose de suspense e um bocadinho de mistério, com um homicídio e um roubo
à mistura, uma dívida para pagar e a expectativa de uma outra morte quase
certa, as pistas que vão surgindo ao longo da narrativa tornam os desfechos
demasiado evidentes antes do tempo e levam a um sem fim de pontas soltas que me
deixaram com alguma insatisfação.
Ainda
assim, posso dizer que gostei muito de conhecer esta Nova Orleães dos anos 50,
adorei conhecer a Josie e de ver a sua cumplicidade com Patrick e Cokie e o amor
incondicional que Willie e Charlie sentem por ela.
Para ler, reler e guardar na prateleira com carinho!
1 comentários
eu gostei das temáticas, mas achei-as desenvolvidas de uma forma tão reles e tão sem sal que foi corrido a 1*... acho que criei muitas expectativas... :( foi sem querer...
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