segunda-feira, 12 de setembro de 2016

O Cavalheiro Inglês | Carla M. Soares | OPINIÃO

O Cavalheiro Inglês
Carla M. Soares
ISBN: 9789897541254
Páginas: 400
Editora: Marcador
Livro Coleção: Livros RTP



PORTUGAL. 1892. Na sequência do Ultimato inglês e da crise económica na Europa e em Portugal, os governos sucedem-se, os grupos republicanos e anarquistas crescem em número e importância e em Portugal já se vislumbra a decadência da nobreza e o fim da monarquia.

Os ingleses que permanecem em Portugal não são amados.

O visconde Silva Andrade está falido, em resultado de maus investimentos em África e no Brasil, e necessita com urgência de casar a sua filha, para garantir o investimento na sua fábrica.

Uma história empolgante que nos transporta para Portugal na transição do século XIX para o século XX numa descrição recheada de momentos históricos e encadeada com as emoções e a vida de uma família orgulhosamente portuguesa.

NO SEIO DE UMA FAMÍLIA, HÁ CORAÇÕES QUE SE AGITAM ENTRE O CURSO DA HISTÓRIA E O IRRESISTÍVEL PERFUME DOS LIVROS.




Quando li o manuscrito da Carla M. Soares há três anos atrás ainda o manuscrito não tinha editora mas a minha opinião sempre manteve-se, o livro é muito bom. No entanto deixem-me que vos diga que quando li a sinopse o meu coração caiu! Onde estava o romance? Onde estavam as personagens? O Robert que é um autêntico encanto, a Sofia que é uma personagem bastante humana e determinada... Pensei seriamente em nem sequer pegar no livro porque pensei que ele tinha sido completamente cortado mais de metade da plot... Até a Inês ter lido o livro publicado e ter dito que o livro estava em tudo semelhante ao manuscrito. THANK GOD FOR THAT, porque juro que tive o maior ataque de sempre. Passado o ataque e tendo recuperado o meu coração deixem que vos diga que esta é a review de um manuscrito que estava tão bom, tão bonito que mal foi à faca; sim a Carla mandou para muitos betas, sim a Carla tem sempre a grande preocupação de verificar se está tudo bem se são precisas alterações. Mas foi dos primeiros livros que li genuíno em que publicava-o assim. 

É muito difícil em romances portugueses, especialmente históricos, em conseguir criar um ambiente que não nos é estranho e há algo na escrita da Carla Soares que nos consegue sugar para esse imaginário. Tem de tudo um pouco e consegue de forma harmoniosa não se focar demasiado no setting histórico nem abusar do romance, tudo acontece com tempo e na medida correta. E é muito difícil criar um romance assim onde tudo encaixa em momentos certos. As narrativas são sempre com um pacing fantásticos com diálogos realistas e bem vivos. Não se nota que é uma personagem. A Sofia, o Robert, o Sebastião, conseguimos ver que aquelas personagens até podiam ter existido e aqueles acontecimentos podiam ter tido lugar.

O Robert é um homem encantador. Tresanda a charme e muito sinceramente pode ser considerado o Darcy português. Já o Sebastião apesar de uns quantos contratempos é adorável, muito humano. Gostava de ver a continuação da história dele, acho que ele é uma personagem com bastante carisma que daria um excelente protagonista de aventuras, algo se calhar com menos romance e mais acção. Já a Sofia achei que encaixava perfeitamente. Li que muitos leitores a acharam irritante, e por mais que releia a sua parte no livro não a consigo achar sequer perto disso (my VERY honest opinion). Pessoalmente uma personagem irritante é alguém que está sempre a repetir o mesmo, que diz uma coisa e faz outra e achei que a Sofia era bastante dedicada a uma causa, que era uma pessoa humana que cresce bastante e sabe como as regras do jogo funcionam mesmo que não lhe agradam. No entanto tendo em conta que temos vistos mesmo em livros traduzidos de época figuras femininas bem mais ocas e bem menos interessantes, a Sofia leva todos os pontos por ter tal como o Tião, carisma e personalidade.

Se gostarem de ler um bom romance histórico quer seja pela ambientação, quer seja pelos detalhes ou simplesmente para ler um bom romance, como sempre a Carla Soares não desilude em nenhuma destas vertentes. Ela sabe o que está a fazer quando escreve um romance e só temos de a encorajar a continua a fazer o que lhe dá gosto: escrever.


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