segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Viver depois de ti | Jojo Moyes | Porto Editora | Opinião

Louisa Clark é uma jovem com uma vida banal - um namorado estável, trabalhador e uma família unida - que nunca saiu da aldeia onde sempre viveu. Quando fica desempregada, vê-se obrigada a aceitar um emprego em casa de Will Traynor, que vive preso a uma cadeira de rodas, depois de um acidente. Ele sempre tinha vivido de um modo trepidante - grandes negócios, desportos radicais, viajante incansável - agora tudo isso ficou para trás. 

Will é mordaz, temperamental e autoritário, mas Lou recusa tratá-lo com complacência e em breve a felicidade e o bem-estar dele tornam-se muito mais importantes do que ela esperaria. No entanto, quando Lou descobre que Will tem planos inconfessáveis para a sua vida, ela luta para lhe mostrar que ainda assim vale a pena viver. 

Em Viver depois de ti, Jojo Moyes aborda um tema difícil e controverso, com sensibilidade, obrigando-nos a refletir sobre o direito à liberdade de escolha e as suas consequências.



Estava preparada para me caírem umas lágrimas durante a leitura deste livro, já me tinham avisado, o pessoal sabe que sou uma chorona e o tema é forte além de que já sabia o final. Não estava preparada para estar a chorar como uma Madalena arrependida, aos soluços por volta da meia noite e meia ao ponto de já me doerem os olhos quando fechei o livro, nem sequer para ficar a chorar durante algum tempo a pensar na história e no quão fabulosa Jojo Moyes é.

Há tantas lições que se podem tirar deste livro, e que se pode chorar como se não houvesse amanhã não é definitivamente a maior. Temos uma série de personagens chave que são essenciais para alterar a rota da história em qualquer ponto.

Louisa Clark é uma jovem mulher conformada com uma vida pequena, não explora os seus limites, gira em torno da sua casa e dos seus familiares, não tem ambições maiores que arranjar um trabalho para ajudar em casa. O seu espírito alegre, interrogativo e vivaz leva-a a conseguir um emprego que deveria ser de sonho, o ordenado é excelente e durante 6 meses terá de fazer companhia a um tetraplégico.  Lou não faz ideia de como a sua vida vai mudar definitivamente, ela toca-nos pela sua exuberância e contagia-nos com a sua alegria natural.

Will Traynor é um personagem daqueles que nos deixa a pensar durante dias a fio, dois anos antes ficou tetraplégico ao ser atropelado por uma mota e toda a sua vida muda. De um dia para o outro fica sem o emprego que adora e sem a namorada que começa a repudiar, fecha-se numa concha e decide que aquela vida, não sendo uma escolha sua, não lhe pertence.

Vamos conhecer também a família de Louisa que confesso me irritou bastante pelo seu egoísmo e mesquinhez, não gostei de todo como a tratavam, até a forma depreciativa que o pai usava para falar dela ou com ela me tirou do sério. A irmã Katrina é igualmente egoísta e egocêntrica. O núcleo familiar em vez de ser o apoio que Lou tantas  vezes precisava acabou por ser a maior fonte de preocupação. Algo que nunca entendi é, como é que com o ordenado do pai, da irmã, dela e a reforma do avô (só a mãe e o sobrinho pequeno não tinham rendimentos) era o salário da jovem que mais falta fazia em casa, para mim não fez qualquer sentido colocar-se tanto peso sobre os seus ombros. O namorado é obcecado pelo treino e pelo exercício e nunca tem um verdadeiro gesto de amor por Louisa.

A família de Will também tem o seu papel, mais a mãe que vejo como uma mulher desesperada a procurar uma solução a um problema que culminará em breve, o pai foi o pior apoio familiar possível e a irmã não passa de uma idiota mimada e ridícula.

Durante boa parte da narrativa veremos Louisa e Will darem tudo de si para o outro, enquanto Will alarga o mais possível os horizontes de Lou, fazendo-a ver filmes "com legendas", ler e obrigando-a a discutir as notícias, a jovem vai tentar devolver a alegria de viver ao homem que aprende a respeitar e admirar.

[Spoiler Alert - se não sabem o tema principal do livro e não querem saber aconselho a não lerem mais (se bem que a esta altura toda a gente já sabe)]

Para mim o maior tema aqui patente está na força do amor e no poder que nele reside. Quão egoístas somos ao ponto que querermos que as pessoas que amamos vivam uma vida de sofrimento, infelicidade e amargura só para não as perdermos? Quão altruístas pode ser o nosso amor mostrando a quem amamos que apesar de ficarmos a sofrer preferimos que partam à sua maneira, com o mínimo de degradação possível, sem anos de dor e incompreensão? Seremos capazes de apoiar a eutanásia deixando que morram com dignidade, sem serem obrigados a passar por anos acorrentados a uma vida incompleta? Até que ponto um tetraplégico perde a vontade de viver? Será que pode aos poucos recuperar a alegria ou viverá sempre amargurado?

Sem dúvida que este livro me fez pensar (e chorar) muito e fez-me ficar com vontade de ver o filme que estreia em Portugal no próximo dia 11. Um livro que recomendo sem qualquer reservas pois uma vez na vida deveríamos ler um livro assim.





Exemplar gentilmente cedido pela Porto Editora para opinião honesta

1 comentário:

  1. Já ouvi falar bastante do livro e confesso que ainda não tinha pesquisado , porém fiquei bastante curiosa ao ler o post!

    Beijinhos ♡
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