Depois de um grave acidente de esqui em que quase perdeu a vida, Tony encontra-se internada numa clínica de reabilitação. Totalmente dependente de ajuda médica, ela passa o tempo a reflectir sobre as histórias do passado. O principal foco é a relação apaixonada mas muito tumultuosa que partilhou com Georgio, o pai do seu filho. Os dois viveram um amor sufocante que lhe custou muito mais do que o seu amor-próprio. Agora, o que fazer para finalmente se libertar desse sentimento? À medida que vai recuperando fisicamente, Tony vai encontrando forças para sarar as feridas emocionais de muitos anos de uma relação profundamente destrutiva…
Nomeado para 8 galardões César, os
"Óscares" da Academia Francesa, chega às salas portuguesas no próximo
dia 3 de Março a película "Meu Rei/Mon Roi". Através da colaboração com o Jornal Diário do Distrito, pude comparecer num dos visionamentos do filme promovido pela NOS Audovisuais. O filme de Maïwenn, com
Emmanuelle Bercot e Vincent Cassel como protagonistas, aborda os altos e baixos
e as dificuldades de uma relação que começa a não dar certo. O filme começa com
o (re)encontro de Tony (Emmanuelle Bercot) e Giorgio (Vincent Cassel) e logo
pelos primeiros minutos do filme, entendemos logo o título do mesmo. Giorgio é
o Rei da noite, o Rei do grupo dos amigos, vivendo a vida como um Rei. A forte
atracção sexual entre o par é logo evidente, embora percebamos que de
personalidades, o casal não poderia ser mais diferente. Apesar de na fase de
namoro ser evidente as divergências entre o casal, o relacionamento acaba por
chegar ao casamento que atinge um desequilíbrio total.
A narrativa do filme vai intercalando entre duas
linhas de história sendo que, na verdade, a relação de Tony e Giorgio pertence
ao passado. O filme abre com Tony abre o a sofrer um grave acidente e a ser
internada num centro de reabilitação física. Quase todo o filme acaba por ser
vários flashbacks de recordações e momentos de Tony com Giorgio.
É através deste regresso ao passado que vamos tendo
acesso à relação tóxica de Giorgio e Tony, desde os ciúmes de Tony, à
indiferença de Giorgio e ao seu narcisismo, passando pela manipulação
psicológica que este exerce sobre a mulher, estejam juntos ou separados, debilitando psicologicamente Tony. O casal acaba por tornar-se na sua própria
contradição, não sendo felizes em união ou em separação.
O final acaba por ser um pouco ambíguo e deixa em
aberto e à interpretação de quem o vê. Depois de tanto drama, tanta discussão,
tanta manipulação e desespero fica a ideia que um casal que tenta
constantemente humilhar o conjugue não merece ficar junto. Contudo, os mais
românticos como eu poderão afirmar que o amor é incondicional e que nenhuma
relação é perfeita e há que continuar a lutar pela sintonia de outros tempos.
Não sendo grande conhecedora de cinema francês resta
dizer-me que em pouco mais de duas horas, "Meu Rei" conseguiu com
honestidade retratar um tema actual que poderá eventualmente questionar e ser
incómodo para muitos homens e mulheres, caberá a cada um interpretar a mensagem
do filme de acordo com a sua experiência.
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