CARNAVAL
Não sou adepta do Carnaval, de forma nenhuma, talvez devido a traumas de infância, talvez por Carnavais perdidos quando faziam sentido enquanto estudava para as frequências da faculdade, talvez porque hoje em dia, esta época festiva não tenha nada a ver comigo... se me convidassem para o Carnaval de Veneza, aí a estória seria outra, mas vamos recuar no tempo.
As primeiras recordações que tenho do Carnaval era de eu e minha irmã sermos vestidas de nazarenas por nossa avó, com direito ao belo sinalinho numa das faces (eu nem precisava pois já o tinha), feito com uma cabeça de fósforo queimada. Nesse dia podia usar e abusar do baton vermelho da caixinha dourada que minha avó guardava no fundo de uma gaveta e do qual, ainda recordo o seu odor! Se durante um ano ou dois a dita vestimenta até era engraçada, com o passar do tempo ansiava por saias rodadas cor de rosa em prol da castanha, e cetim em vez da flanela. Aos 13 anos, para desolação de minha avó, recusei vestir novamente a mesma fantasia... mas se por um lado a minha avó tinha paciência para nos trajar, minha mãe não o tinha e fui «largada à minha sorte»! Nesse ano entrancei o cabelo todo, molhei-o com água e açúcar e dormi com as tranças durante a noite, simplesmente porque queria ir fantasiada, sei lá, talvez de um cruzamento entre punk e rebelde... na década 80 passou completamente ao lado a trunfa que tinha no dia seguinte de manhã... foi uma sorte não ser perseguida por abelhas!
Como já disse, durante o período de faculdade as frequências realizavam-se na mesma época e acabei por nunca me mascarar. O primeiro ano em que tornei a «brincar ao Carnaval» foi em 1999, após o término do curso, onde dei largas ao meu alter ego de bruxa e no ano seguinte de medusa...e finish nunca mais.
Hoje em dia mãe de duas meninas torna-se impossível deixar o Carnaval passar ao lado, ainda para mais com os constantes pedidos e solicitações por parte de Educadoras e Professores. Infelizmente não tenho imaginação nem habilidade para a costura e, assim sendo, valham-me as belas lojas chinocas onde praticamente se encontra tudo para os mais pequenos, no entanto, o Carnaval tornou-se um Carnaval de massas onde facilmente se encontra três ou quatro crianças com a mesma fantasia pois as mães acabam por as comprar no mesmo local. Existem fantasias lindíssimas como as existentes na loja da Disney, no entanto os €€€€ são cada vez mais curtos e se, por um lado temos de investir na fantasia que a escola escolhe, por outro lado não podemos comprar aquela que, no meu caso, a minha filhota tanto queria (Elsa - Frozen)! No entanto tenho saudade dos confettis do meu tempo, eram de fato redondinhos e não mal cortados como os últimos horrorosos que comprei!
Em localidades aqui perto como Torres Vedras, Alcobaça, Peniche e Nazaré existe uma forte tradição pelo Carnaval, levada à risca todos os anos com direito a câmaras de televisão e alguns minutos no telejornal, cá por terras do Bombarral não posso dizer o mesmo... o S. Pedro nem sempre é nosso amigo e andar na rua com crianças vestidas com finas roupas 100% poliéster não é, de forma nenhuma, o que eu mais desejo num fim-de-semana! Este ano a ver vamos!
Agora falando do Carnaval de Veneza, esse sim poderiam convidar-me, com direito a toda a popa e circunstância, apesar do que a lenda diz acerca deste Carnaval, se não o sabem aqui vai:
A origem do Carnaval de Veneza remonta ao governo do doge Vitale Faleir (1084 – 1096), que o instituiu oficialmente através de um decreto datado de 1094. A palavra tem origem na expressão latina carnis laxatio, cujo significado é “abandono da carne”.
Para celebrar o carnaval em plena liberdade, os venezianos usavam túnicas e vestes que os protegiam dos olhares curiosos e lhes permitiam cometer todo o tipo de excessos, sendo uma excelente oportunidade para conhecer novos amores e uma das formas de cortejar as mulheres. A máscara protegia os rostos e eliminava a diferença entre sexos e classes sociais. Em fins do século XI o Carnaval de Veneza figurava nos registros como festas que se prolongavam ao longo de seis meses. O uso de máscaras havia se tornado tão habitual que foi preciso criar leis para regular sua frequente utilização. Muitos assassinos ocultavam-se por trás delas e várias pessoas cometiam adultério ou praticavam atos de sedução, protegidas pelo anonimato. Estas máscaras acabaram por ser proibidas no começo do século XVII.
A festa era completada pela presença de saltimbancos, músicos, atores, operadores de marionetas, comediantes, amestradores de animais, que se misturavam pela cidade, além da profusão de peças teatrais e grandes banquetes.
Sublinho de forma a não levar o leitor ao erro, o que eu realmente admiro são os vestidos e as máscaras do Carnaval de Veneza... e não as suas perversões ;-)
Fontes:
http://www.postaisdeviagem.com/2013/02/a-origem-do-carnaval-de-veneza-e-suas.html
http://www.eventoclick.pt/eventos-pt/festas/historia-do-carnaval-veneza-r.html
http://www.infoescola.com/artes/carnaval-de-veneza/
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