Li este livro numa tarde e admito que fiquei a pensar nos temas aqui levantados. Na minha visão, os estigmas são na verdade as feridas da alma que transbordam para o corpo. A dependência do álcool como forma de mascarar a dor de uma vida triste e vazia. Essas feridas começam a cicatrizar quando se apaixona porque o amor é uma força única capaz de curar todos os nossos sentimentos mais depressivos e destrutivos. Quando ele perde o amor da sua vida perde também a vontade de viver e demora muito tempo a sentir uma espécie de cura apesar de ter ficado com a alma fragmentada pela maior perda que passou. Como mensagem principal vemos o amor como uma força redentora capaz de curar as nossas feridas.

A fé está bastante presente nas partes mais negras, no início quando ele está a arrastar-se pela vida, quando a mulher é violada e ele faz tudo para a agradar e ainda já perto do fim quando é cuidado por uma freira. Nos momentos mais negros a fé está lá mas ele não a aceita. Demora muito tempo a conseguir aceitar e redimir-se e é por isso que termina com ele a praticar caridade, neste caso com sem-abrigos. O desenho em si é violento, feroz, transbordando a raiva e a dor da história, tendo toda a carga emocional negativa e dramática no traço. Gostei bastante desta obra e apesar de não ser o estilo que habitualmente leio levou-me a querer conhecer mais sobre este género literário.