Polémicas à parte, A entrevista é um filme com os melhores comediantes do cinema “jovem” digamos assim. Embora o James Franco possa ser um pouco over the top com as suas performances, Seth Rogen é sempre o seu equilíbrio e juntos conseguem fazer boa comédia. Talvez um pouco juvenil, certo, não sendo para todas as audiências não o torna um filme mau. Por algum motivo alheio, as pessoas esperassem gargalhas mais sonoras e coisas assim do género, rir até doer a barriga, o que raramente chega, tirando dois momentos, mas há sempre algo de bastante enganador quando criamos expectativas.
Existe, de igual forma, um sentimento comum por entre os americanos de pensarem que esta comédia é de propaganda. Viva os Estados Unidos, abaixo a ditadura. Mas isso não é bem propaganda, mais um wishful thinking por parte de Franco e Rogen que desejam o melhor para a Coreia e é neste campo que entra a carta de amor dos criadores para os norte-coreanos.
A entrevista manifesta um desejo de que os norte-coreanos possam um dia acordar e ter pensamentos próprios, que possam ter todas as liberdades que um ocidental tem. Existe algo bastante hipócrita na reacção mundial em relação ao filme. [SPOILER]Muitas vezes lemos nos comentários pela Internet fora que o presidente norte-coreano deveria levar com uma bomba na cara, mas se Franco e Rogen executarem essa ideia, já é de mau gosto. [/FIM DE SPOILER] O facto de executarem este desejo com referências culturais misturadas com um efeito cómico mais jovial não torna a mensagem menos poderosa. Referências a estados de espírito através de músicas da Katy Perry (do you ever feel like a plastic bag?), margueritas, referências a Lord of the rings, adoração por cães bastante fofos etc fazem parte do humor para tornar o filme talvez mais leve mas não menos sério. Nem o bromance entre o falso Kim e Skylark (James Franco) torna as coisas menos sérias. As personagens têm um pouco de estereótipo que muitas vezes caem por terra. Skylark é um idiota e deixa-se manipular facilmente, Kim é por vezes um homem frágil que chora, outras é um ditador maníaco e mostra a sua faceta de manipulador e Aaron é o homem sério e com a cabeça mais no sítio que limpa as porcarias que o idiota do Skylark faz. E sim este filme tem um triângulo amoroso mais fofo dos últimos anos entre o Skylark, Kim e o Aaron, contudo compreendo que o Kim Jong-un não tenha achado muita piada. Democracia, que coisa horrível! Todas as personagens têm o seu propósito no filme e cumprem-nas (não evoluem), no entanto não é algo mau, até porque os papéis são bem interpretados e as suas funções servem para a plot básica.
Num filme recheado de personagens masculinas, Sook será uma das poucas mulheres no elenco com grande peso para a plot |
De resto tem bastantes cenas típicas dos filmes de Franco e Rogen, pode-se até fazer um bingo ou um drinking game com as cenas. Beba um shot sempre que houver uma referência a bromance entre os dois, sempre que houver uma cena com drogas, sempre que Rogen e Franco discutirem como um casal de namorados.
Vale sempre a pena ver A entrevista mesmo que seja para saber um pouco mais da Coreia de Norte de forma mais leve. Embora não possa aconselhar aos espectadores que não gostem de um humor mais típico do Rogen e do Franco. Pessoalmente nem quis ver o filme pelo alarido até porque o circo em torno do filme foi despropositado, apenas quis ver porque acho que fui ver todos os filmes deles ao cinema e não fui este porque, como sabem, foi banido mundialmente. Podem, no entanto alugar o filme para ver logo na Amazon (em HD custa $3.99), no Google play custa €13.99 (mas é comprado) e no iTunes por $14.99.
• Personagens principais bastante likable;
• Consegue ainda arrancar algumas gargalhadas mesmo com jokes já usadas;
• Passa uma mensagem forte sem ser demasiado sério;
• Tentaram à força cunhar o termo: honey potted
Quotes:
“They hate us, ‘cause they ain’t us.
“You know what's more destructive than a nuclear bomb?... Words.”
“This whole time I thought you were Samwise to my Frodo. But you're just... Boromir!”
Rotten Tomatoes: 51%
Unfortunately overshadowed by controversy (and under-screened as a result), The Interview's screenplay offers middling laughs bolstered by its two likable leads.
IMDB: 6.9
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