sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Os 7 novos clássicos de erótica contemporânea


Sempre que o dia dos namorados se aproximam, as livrarias fazem promoções, as listas infinitas dos livros mais românticos surgem que nem orgasmos nos novos livros eróticos e, no fim, tanto livro e ninguém sabe o que comprar. Por norma, arrisca-se nos clássicos. É uma espécie de safe-bet. Tristão e Isolda, Anthony e Cleopatra, Romeu e Julieta, Wuthering Heights… Mas isso acaba sempre tudo em tragédia de faca e alguidar e o que o pessoal quer ler agora é livros “hot”. Aqueles que com uma linguagem mais moderna, pontos de vista não tão medievais com tipos de relações já mais contemporâneas que apelam a ambos os sexos.
- Pff, Ruiva, erótica é para gajas! Nota-se logo que isto é tudo para chamar mulherio.

Meus queridos leitores, asseguro-vos que boa erótica não tem género, tanto dá para mulheres como para homens. As mulheres lêem mais erótica porque … erm well lemos mais e somos menos snobs. Ou então somos mais snobs porque ainda muitas têm vergonha de admitir que consomem pornografia enquanto cobrem as capas nos transportes públicos dos livros que andam a ler.

Seguindo, portanto, a tradição das cascatas de listas, eis mais uma. O ano passado fiz uma série de reviews sobre livros românticos, but people want lists! LISTS!

Os 7 novos clássicos eróticos:
(aqueles que vão ficar para a eternidade, alguns semi-esquecidos, outros nem por isso)

1. A noiva despida – Nikki Gemmel

 

Ai Gemmel, gemmel, o que é que eu vou fazer contigo, rapariga? Para quem não sabe eu fui das poucas pessoas que leu o livro no PC (deus, que pachorra) todo seguidinho. E nem o considerei um page turner. Mas meu Deus, isto foi uma lufada de ar fresco na minha vida monótona de leitora de erótica. Sempre o mesmo, gajo bom conhece gaja boa que pensa que é feia, bla bla bla, just kill me! A noiva despida não tem nada disso. Trata a história de uma mulher dividida entre o marido que não lhe dá qualquer prazer sexual e eventualmente o seu amante, que apesar de lhe dar satisfação máxima, não sabe se o ama. Ok, isto parece muito simplista, mas a escrita da Gemmel é boa o suficiente para agarrar sem floreados e é bastante introspectiva. Não tem um estilo pretensioso e ainda nos consegue agarrar para reflectir sobre o prazer da mulher.

2. Enchanted – Nancy Madore



Alguma vez pensarem o que aconteceu depois do “e viveram felizes para sempre?” Pois, a Madore achou que nos deveríamos perguntar isso mais dar-nos uma resposta pessimista com um resultado positivo. Afinal muitos dos príncipes mal conhecem as suas esposas visto terem-se apaixonado tão rapidamente e o resultado é mesmo uma série de contos onde os casais dos contos de fadas reencontram-se sexualmente. 

3. Elogio à madrasta – Mario Varga Llosa


A minha cabeça com Alzheimer não se lembra se escrevi uma review a este livro ou não. Bem não importa, devo ter escrito alguma coisa à pressa. Divertido, audacioso nas imagens que produz mas tem uns twists engraçados no fim que compensam alguma morosidade ou lentidão no desenrolar da história.

4. Morde-me – Emily Maguire

 


Talvez o livro mais controverso da lista. Em inglês o título é Taming the beast e é uma espécie de Lolita mais gráfica, provocante a talvez o livro mais fatalista desta lista. Este livro não é para o leitor comum. Tive náuseas a ler isto, enquanto parte de mim queria ler mais, a outra metade não queria ver as personagens a espatifarem a vida e a dar cabo dela. Imaginem que estão a ver um acidente prestes a acontecer, sabem que vão morrer pessoas mas estão atados e não podem fazer nada para as salvar. Para quem gostar de histórias mais cruas e personagens menos estereotipadas e modeladas, this is the book for ya. Acho que a autora só escreveu outro livro e apesar da crítica ter adorado, o público em geral nem por isso. Entendo, mas por este lado, julgo que o livro vai mesmo tornar-se um clássico que poderá ser lido em qualquer altura dentro do futuro próximo.

5. O inferno de Gabriel – Sylvain Reynald

 


Este é o mais “mainstream”. Tenho uma paixoneta por este livro porque apesar de ser uma fanfic de Twilight e respeitar a estrutura, é fanfiction done right. Isso e envolver Dante e estudos medievais traz uma nova dimensão à história. Quando sair desta depressão literária gostaria de escrever uma série de textos sobre como aos poucos estamos a voltar à “medievilidade” (esta palavra não existe) na literatura, especialmente tendo em conta os novos livros eróticos com a posição da mulher e do homem. But yes, O inferno de Gabriel a única coisa boa que o Twilight ajudou a produzir!

6. A paixão segundo Constança H.- Maria Teresa Horta



Não sabia que livro colocar aqui, se as Cartas Portuguesas, se a poesia, mas no fundo como esta é uma lista de clássicos, A Paixão segundo Constança H. tem muito de Anaïs Nin na sua escrita e se Nin já é um clássico da literatura erótica, Maria Teresa Horta já há muito entrou no nosso cânone português de badalhoquices (mas com classe!). Não haverá outra como ela tão cedo, you can try my darlings, you can try, mas neste mundo só houve duas criaturas lindas a escreverem tão bem erótica no feminino… 

7.     A amante imaginária/ Crossing the lines - Megan Hart

 


Ai decisions, decisions. Acham mal eu não saber escolher entre três livros, imaginem entre seis! Por um lado o “A amante imaginária” fala sobre sofrimento, perda, luta interna e claro prazer… por outro lado o Crossin lines veio finalmente quebrar o estigma de que só há Doms homens e as mulheres têm de ser todas toninhas submissas… Bem que sa lixe. Quem gostar de livros eróticos mais calmos e fofos, têm A amante imaginária. O título em português é muito apelativo, em inglês é só Broken que, acho engraçado, mas não tem aquele tom pesado. A Amante imaginária é dos melhores romances eróticos contemporâneos, no entanto para quem achou que 50 Shades of grey era uma bostice autentica, não desanime! Para quem gosta de bondade e algo mais picante tem Crossing the lines, ainda sem título para português (porque os livros da Megan Hart são traduzidos em PT a velocidade de caracol). Crossing the lines é uma noveleta sobre uma moça que é dominadora que se apaixona pelo patrão que descobre que é um submisso. Ela tem medo de o dominar fora do trabalho porque ele é o patrão e ele luta contra a ideia de ser submisso porque… ele é o patrão. É divertido, tem um pouco de tensão e conflito mas não deixa de ser algo que foi criado para quebrar estas tendências de ler sempre o mesmo na erótica bondage mainstream.

Para todos os nossos leitores, feliz dia de S. Valentim. Aproveitem para descansar e fazerem o que mais amam com a pessoa que mais amam neste mundo (pode ser a vossa mãe e o programa do dia ser ficar em casa a ver filmes lamechas). Agora fiquem com alguns truques para se forem ver o 50 Shades of Grey e ficarem inspirados:
1. Não necessitam de usar algemas para prenderem as criaturas amadas à cama ou á cadeira. Utilizem um lenço de seda ou até mesmo um cachecol. Não perdem a chave e não há a chance de ser muito apertado ou solto nos pulsos. 
2. Não enfiem nada em nenhum lugar sem terem ido primeiro à Internet ver como se usa. Especialmente no traseiro. Bad idea! Very bad idea!
3. Escusam de comprar chibatas (sim, sim vocês querem usar coisas fancy e tal, mas se não sabem usar, não comprem). Usem as mãos e assim não há perigo de magoarem logo na primeira vez que tentam bondage. Use your hands.
4. Respeitem o vosso parceiro ou parceira. Se eles não quiserem nada disso de serem amarrados, não forcem. Expliquem que querem tentar algo mais picante, afinal como vão saber se gostam se nunca experimentaram? (mas com cuidado, bondage não é para ir para as urgências, ainda por cima como isto anda. Péssima ideia ir para as urgências!)
5. Descobrir coisas novas é sempre maravilhoso por isso tomem tempo a explorar e a ver o que é para manter e o que se calhar nem tanto. Escusam de ser dominadores e submissos hardcores, umas palmadas aqui, uma trinca ali tudo sempre consensual é muito bom. E espero que alguns destes livros eróticos ajudem as pessoas a encontrarem algo que queiram experimentar e nunca tentaram ou tiveram coragem de tentar.

1 comentário:

  1. Não consegui gostar d'A Noiva Despida :(
    Por outro lado, já li Sylvain Reynard e Megan Hart, dois autores que gostei bastante!

    Tenho curiosidade com Maria Teresa Horta...

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