Hoje vou-me confessar um pouco mais, talvez até demais, mas é difícil resistir a escrever uma crónica acerca do Dia dos Namorados sem falar das prendas... e que prendas!!!
O primeiro Dia dos Namorados que tenho algumas recordações agridoce foi o do ano de 1990, sim já se passaram alguns anos, ok, duas décadas e meia, mas quem é que está a contar? Como dizia, corria o ano de 1990 e os professores da escola secundária que eu frequentava, possivelmente como tantos outros professores de vossas escolas, tiveram a feliz ideia de colocar na Associação de Estudantes um cofre onde qualquer adolescente com as hormonas aos saltos, poderia de forma mais ou menos anónima, colocar um postal para aquele/a ser tão especial com o qual nem conseguiam trocar palavra alguma quando este passava... sim comigo era assim... Nesse ano, eu e mais umas quantas colegas, pertencentes ao clube que, dificilmente receberiam algum postal, combinamos entre nós escrevermos de forma muito anónima, postais umas às outras, para não serem sempre as mesmas meninas lindas, loiras e na moda a receber os ditos postais...
No dia 14 de Fevereiro, depois de 2 semanas de idas constantes à Associação de Estudantes, todas nós acabámos por receber 2 ou 3 postais, para espanto das ditas loiras lindas de morrer que apenas receberam um... mas o que era certo era que esse um valia mais do que qualquer três dos nossos... no entanto, naquele dia, numa aula de português 8 adolescentes resplandeceram com postais mentirosos de possíveis enamorados inexistentes!!!
No ano seguinte, recebi o meu primeiro presente pelo dia dos namorados... já com 17 anos suspirei durante mais de um mês tentando imaginar a minha reação ao receber um ramos de rosas vermelhas, uma caixa de bombons, um peluche ou qualquer outro objeto simbólico do dia em questão. O meu namorado da altura passou o mês de Janeiro todo a mandar indiretas, sorrindo e convencidíssimo que eu iria adorar... uma foto dele colocada numa moldura almofadada com um tecido que mais parecia o padrão das batas da minha avó!!! Na altura ainda não estudava Psicologia e ainda não conhecia o significado do «síndrome de Narciso»...
Nestes 41 anos já sofri desilusões, já chorei de emoção... como no dia em que abri a minha caixa de correio e encontrei um poema escrito em papel a imitar o pergaminho, queimado nas bordas... tal e qual como o que eu enviara para essa mesma pessoa. Já me chateei a sério por me darem duas jarras que mais pareciam jarras de cemitério, já desfolhei com um carinho imenso um enorme livro das Praias de Portugal pelo qual suspirava à um ano! Durante anos a prenda do Dia dos Namorados teve um significado muito importante para mim pois, acima de tudo, achava que era uma forma da pessoa em questão demonstrar que me conhecia um bocadinho mais do que eu imaginava e que no meio de toda aquela publicidade ao Dia de S. Valentim, surgia com algo glamoroso como um anel de diamante... ah ah ah ah... nunca aconteceu!!!
Em 41 anos este dia passou de uma importância extrema com tudo programado ao milímetro para o vivenciar de forma mais tranquila, sem a necessidade de marcações antecipadas, idas ao cabeleireiro, jantares à luz de velas... Em alguns anos acho inclusive, que passou ao lado, sem qualquer comemoração especial. Simplesmente mais um dia para se gastar dinheiro.
No entanto, estaria a mentir se afirmasse que não desejo por vezes, ser surpreendida, arrebatada, com um gesto, palavra ou olhar... de desejo!
Sem comentários:
Enviar um comentário